Indíce
Todos procuramos uma pele uniforme e livre de manchas, mas esta pode não ser uma realidade para quem sofre de melasma: que se caracteriza, precisamente, pelo aparecimento de manchas escuras na pele.
Este surge principalmente nas zonas principais do rosto e piora de acordo com as variações hormonais e com a exposição à luz solar.
Embora não seja uma condição que impacte negativamente a saúde, este pode prejudicar a auto-estima de muitos e, por isso, existem inúmeros tratamentos que ajudam a recuperar uma tonalidade uniforme da pele.
Se quer saber o que é o melasma, os diferentes tipos, as causas, como se manifesta, como eliminar estas manchas escuras da sua pele e ainda escontrar respostas à questões frequentes, este artigo é para si!
O que são as manchas escuras na pele?
As manchas escuras na pele são na verdade melasma, um tipo de hiperpigmentação que resultam de uma hiperprodução de melanina [1], o pigmento que dá cor ao tecido cutâneo.
O melasma predominantemente surge no rosto, sendo mais incidente no sexo feminino e tipos de pele de um fototipo superior (pele mais escura) [2]. Estes e outros fatores de risco serão abordados com mais pormenor, de seguida.
DICA: Descubra “O que é e como tratar a hiperpigmentação” com o artigo da farmacêutica Filipa Araújo.
Quais são os tipos de melasma?
De acordo com a AAD (American Academy of Dermatology), os tipos de melasma classificam-se de acordo com a profundidade que o pigmento atinge no tecido cutâneo [3] e são melasma epidérmico, melasma dérmico e melasma misto.
- Melasma Epidérmico: a pigmentação está localizada camada superficial da pele (a epiderme). Este tipo de melasma é o menos invasivo e mais facilmente tratável visto que o pigmento está mais exposto e tangível.
- Melasma Dérmico: a pigmentação é mais profunda localizando-se na derme. Uma vez que estamos a falar de uma camada da pele mais profunda, o tratamento é mais falível;
- Melasma Misto: este melasma é a combinação dos 2 tipos anteriores; existindo assim manchas mais superficiais e mais profundas, sendo o tipo mais comum.
DICA: Leia o nosso artigo e descubra quais são as camadas da pele e como cuidar delas.
Podem existir outros tipos de subclassificações, perante determinados fatores:
- Localização da mancha: ex: melasma mandibular – pigmentação localiza-se na mandíbula.
- Condições de saúde: ex: cloasma de gravidez- surge com as alterações hormonais existentes na gravidez; melasma pós-inflamatório- ex: lesão cutânea inflamatória.
- Uso de medicamentos: ex: melasma pós-medicação- terapias hormonais que provocam desregulação da produção de melanina.
Como e onde se manifestam as manchas escuras?
Ao nível do tecido cutâneo, o melasma apresenta aumento de pigmentação (epidérmica e dérmica), aumento de melanócitos (células responsáveis pela produção de melanina)e aumento de melanossomas (células que armazenam melanina).
Estes 3 aspetos são os responsáveis pelo aparecimento de manchas. Para além disso, ocorre também elastose solar, por outras palavras, perda de elasticidade da pele.
Relativamente à zona onde se manifesta, estas manchas escuras na pele tendencialmente surgem em zonas que estão mais expostas ao sol:
- Rosto: testa, nariz, bochechas, queixo, mandíbula, etc.
- Corpo: zonas menos expostas que o rosto mas que têm tendência para a pigmentação- peito, pescoço, antebraço, etc.
Qual é a diferença entre o melasma e as outras manchas?
O melasma tem algumas características específicas que o permite reconhecer e diferenciar das manchas pontuais:
- Hiperpigmentação escura: as manchas têm uma coloração castanha intensa, que, por vezes, apresentam-se mais acinzentadas;
- Simetria: as manchas tendem a aparecer de ambos os lados do rosto ou corpo, de forma simétrica;
- Irregularidade dos contornos: as manchas não possuem forma arredondada e regular.
Exemplos de imagens
Melasma epidérmico: microscopia confocal de pigmentação epidérmica
- imagem clínica de melasma epidérmico na face (L: com lesão; N: normal/ sem lesão)
- alteração da camada basal e derme do tecido com melasma (L) em comparação com tecido normal (N)
- imagem histopatológica evidenciando maior hiperpigmentação epidérmica na lesão (L) em comparação com o tecido normal (N).
Melasma dérmico: microscopia confocal de pigmentação dérmica
- imagem clínica de melasma dérmico
- microscopia confocal com células mais robustas e brilhantes (derme)
- imagem histopatológica da derme
Quais são as causas da melasma?
O melasma ou hiperpigmentação surge de acordo com vários fatores, por isso, é multifatorial. De seguide, evidenciam-se 3 das principais causas que desencadeiam e potenciam o aparecimento de melasma: radiação UV, genética e variações hormonais.
Radiação UV
Quando despoletado por radiação UV, esta induz as espécies reativas de oxigénio (ROS). As ROS ativam o óxido nítrico que promove a melanogénese [4]: mais melanócitos, mais melanina, maior tendência para o aparecimento da mancha.
Para além da radiação UV, também existem estudos que comprovam o aumento da pigmentação com a luz visível [5].
Genética / história familiar
É um fator de risco para o desenvolvimento do melasma. De acordo com alguns estudos [6], 55-64% dos pacientes têm familiares com a mesma condição.
A nível clínico, os genes envolvidos têm sido estudados para melhor compreender esta disposição.
Variações hormonais
Tal como abordado anteriormente, algumas condições de saúde hormonais (ex: gravidez) ou medicamentosas (ex: terapias hormonais, anti-concecionais, etc.) suscitam uma maior tendência para as manchas.
Estudos realizados [7] comprovam existir um aumento da expressão da proteína recetora de estrogénio na derme e nos vasos.
Sugestão: Leia “O que é o resveratrol para a pele?” e descubra como o pode ajudar a tornar a sua pele mais saúdavel.
Fatores de risco de desenvolver melasma
Existem predisposições ou fatores de risco que potenciam o aparecimento de melasma, nomeadamente: idade, género, hábitos alimentares, profissão e/ou atividade diária, fototipo de pele e ainda algumas doenças.
Idade
A faixa etária mais comum para o desenvolvimento de melasma encontra-se entre os 20 e os 40 anos. É uma fase onde existe maior exposição solar e onde se encontra a fase reprodutiva e, por isso, de maior uso de contraceção hormonal.
Em idades mais tardias, embora não tão comum, o melasma pode dever-se à acumulação de lesões resultantes da exposição solar e do envelhecimento cutâneo.
Sugestão de leitura: Dicas para combater o envelhecimento da pele
Género
O sexo feminino têm uma tendência superior para o aparecimento de melasma, numa proporção de 9:1 quando comparados com o sexo masculino.
A explicação está baseada nas maiores flutuações hormonais, uso de contraceção oral mais frequente e especificações de saúde (ex: gravidez).
Hábitos alimentares
Embora os alimentos não façam parte das causas, os nutrientes podem influenciar e condicionar o desenvolvimento de placas de hiperpigmentação, ou seja, melasma.
Dietas com alimentos de alto valor glicémico (mais rica em hidratos de carbono refinados – pão branco, massa, doces, etc.), conduzem a picos de insulina que impactam os níveis hormonais (maior propensão ao melasma).
Adicionalmente, há ainda alimentos inflamatórios (ex: laticínios, alimentos processados, fritos, etc.) que também são responsáveis por prejudicar o tecido cutâneo e, por consequência, potenciar o aparecimento de melasma.
Profissão e atividade diária
Quem possui profissões ou têm atividade diária no exterior está mais sujeito a radiação UV e, por isso, maior propensão ao melasma. O mesmo acontece com outras fontes de calor (ex: fogões, fornos, etc.) porque os poluentes presentes no ar também são contributivos.
Também o stress é também um fator de risco comum e que, no caso do melasma, também pode agravar o seu desenvolvimento devido ao desequilíbrio que tem a nível hormonal .
Fototipo de pele
Pessoas com pele mais escura, pertencentes aos fototipos III a VI, possuem mais melanina/ melanócitos. Sendo assim, têm maior predisposição quando comparadas com pele mais clara.
Presença de outras doenças
Algumas doenças, principalmente as endócrinas (ex: distúrbios da tiróide), favorecem o aparecimento de melasma.
No caso de tratamentos com uso de medicamentos e/ou cosméticos, estes podem ser fotossensibilizantes e também provocar manchas.
Veremos mais à frente como contornar estes fatores de risco, adotando medidas preventivas para a hiperpigmentação!
Diagnóstico
O diagnóstico visual é feito pela análise de manchas, de acordo com as especificidades já explicadas anteriormente (cor, forma, regiões comuns, etc.).
Além deste componente visual, é ainda igualmente importante fazer uma análise dos fatores de risco e historial genético.
Para um diagnóstico mais completo e preciso, recorre-se a exames físicos complementares [2]:
- Lâmpada de Wood: a emissão de luz UV pela lâmpada de Wood permite diferenciar os tipos de melasma, de acordo com o grau de profundidade da mancha.
- Dermatoscopia: análise cutânea através de um dermatoscópio que amplia a imagem das lesões/ manchas cutâneas.
- Microscopia Confocal de Reflectância (RCM): utilização de um laser de baixa intensidade que ilumina a pele de forma eficaz. Este método possui uma resolução semelhante à biopsia (passível de observar estruturas celulares), sendo um método não-invasivo.
- Biópsia: remoção de um pequeno pedaço de tecido cutâneo que, posteriormente, é observado a nível microscópico, para uma análise mais pormenorizada da lesão. A biópsia realiza-se quando há suspeita de alteração do tecido cutâneo (melanoma).
Em todos os diagnósticos, utiliza-se o Índice de Área e Gravidade do Melasma (MASI), índice este que permite quantificar a gravidade do melasma, de acordo com a extensão da área afetada e intensidade do pigmento. Este também é util na monitorização da resposta ao tratamento.
É importante a realização de um diagnóstico que seja diferencial e permita a correta identificação de melasma, excluindo patologias semelhantes a nível visual, como por exemplo: lentigo solar, hiperpigmentações pós-inflamatórias, lúpus eritematoso, dermatite fototóxica, etc.
Leitura recomendada: Os diferentes tipos de dermatite
Como tratar as manchas escuras na pele?
Há vários tratamentos para as manchas escuras na pele, como por exemplo, modalidade tópica, oral e ainda alguns procedimentos físicos.
Na seguinte tabela estão identificadas as formas de tratar o melasma de acordo com a modalidade, a substância, ação e os potenciais efeitos adversos.
Independentemente do método que esteja equacionar usar para tratar as manchas escuras na pele, recomenda-se sempre a consulta com um dermatologista.
Modalidade | Substância | Modo de ação | Efeitos Adversos (EA) |
---|---|---|---|
Tópica | Óxido de ferro | Bloqueio da luz visível e ultravioleta (não penetra na pele) | Irritação |
Hidroquinona (HQ), Ácido azelaico, Ácido ascórbico, Ácido kójico | Inibidor da tirosinase (enzima responsável pela produção de melanina) | Irritação, Ocronose exógena (com a HQ)- hiperpigmentação negro-azulada | |
Tretinoína | Aumento do turnover de queratinócitos – para estimular a renovação celular da pele. | Irritação Vermelhidão | |
Corticosteróides | Antiinflamatório com inibição da melanogénese (processo responsável pela produção de melanina) | Telangiectasias Atrofia epidérmica A acne induzida por esteróides Estrias Hipopigmentação | |
Ácido ascórbico | Inibição de espécies reativas de oxigénio | Nenhum EA significativo | |
Niacinamida | Inibição da transferência de melanossomas (estes não se dirigem para os queratinócitos e não há produção de pigmento) | Irritação | |
Oral | Ácido tranexâmico | Inibe a via do plasminogénio/plasmina que inibe a síntese de melanina Diminui a proliferação vascular | Inchaço abdominal Irregularidades menstruais Dor de cabeça Trombose venosa profunda |
Polypodium leucotomos, glutationa | Inibição de espécies reativas de oxigênio | Nenhum EA significativo | |
Procedimento físico | Laser de rubi Q-switch/ Laser Q-switch Nd:Yag | Destruição dos melanossomas | Queimadura Alteração pigmentar pós-inflamatória |
Lasers fracionários | Fototermólise fracionada levando à extrusão de melanina | Queimadura Alteração pigmentar pós-inflamatória | |
Cascas químicas | Aumento do turnover de queratinócitos – para estimular a renovação celular da pele. | Queimadura Alteração pigmentar pós-inflamatória Descamação | |
Microagulhamento | Administração transdérmica de medicamentos | Eritema Edema Alteração pigmentar pós-inflamatória | |
Luz intensa pulsada | Extrusão de melanossomas | Queimadura Alteração pigmentar pós-inflamatória | |
Radiofrequência | Bioestimulação celular Administração transdérmica de medicamentos | Queimadura |
Quais são os efeitos colaterais dos tratamentos para o melasma?
Tal como foi pormenorizado na tabela anterior, os tratamentos de melasma sensibilizam a pele, provocando irritação, vermelhidão, secura, descamação e sensibilização ao sol.
Os mais agressivos (ex: peelings) podem também conduzir a inchaço, formação de crostas ou até mesmo infecções. Os casos de reações alérgicas também podem surgir, quando algum ingrediente ou tratamento não é tolerado.
É assim de extrema importância cuidar, hidratar e proteger a pele do sol durante o período de tratamento. E tal como referenciado anteriormente, consulte um dermatologista ou um médico que lhe irá providenciar toda a informação e suporte que precisar.
Como prevenir manchas escuras na pele?
A estratégia de prevenção de manchas escuras na pele (melasma) passa por minimizar as causas e fatores de risco e, desta forma, diminuir a probabilidade de desenvolvimento de melasma.
Uso de proteção solar
A utilização de protetor solar de SPF elevado (SPF30, SPF50 ou mais) durante todo o ano é crucial para minimizar os danos da radiação UV na pele.
Quer o protetor solar de rosto, quer o protetor solar corporal deve ser reaplicado ao longo do dia para garantir máxima cobertura.
A exposição solar direta também deve ser evitada, sempre que possível, principalmente nas horas de pico de radiação UV (entre as 12:00 e as 16:00).
Equilíbrio hormonal
As oscilações hormonais não naturais (ex: contraceção hormonal) potenciam o aparecimento de melasma, como tal, estas devem ser evitadas.
Em alternativas, os métodos contracetivos não hormonais devem passar a ser integrados no planeamento familiar.
Tratamento dermatológico
Quando existe predisposição genética, o acompanhamento por parte de um dermatologista deve ser feito logo que possível.
Desta forma, tratamento clareadores e esfoliantes podem ser logo recomendados no sentido de travar o aparecimento de manchas escuras na pele.
DICA: Leia o artigo e descubra o que são e para que servem os esfoliantes.
Cuidados a ter para as manchas escuras na pele
Pessoas com melasma podem adotar cuidados diferenciadores que controlem o avanço da doença, eis alguns exemplos:
- Rotina de pele: aplicação de cuidados de pele específicos para pele com tendência a manchas. Estes não devem possuir agentes sensibilizantes e agressivos. Cuidados que camuflam as manchas podem ser interessantes incluir, quando haja essa necessidade.
- Consultas dermatológicas: a monitorização deve ser realizada de forma regular por forma a acompanhar a evolução do melasma e ajustar os tratamentos dermatológicos, caso necessário. A medicação habitual também deve ser avaliada e ajustada caso necessário (principalmente medicamentos hormonais)
- Estilo de vida: a exposição solar deve ser equilibrada e a utilização de protetor solar é essencial e imprescindível em todos os momentos; as fontes de calor (ex: saunas, banhos quentes, etc) devem ser também minimizadas por potenciar o melasma.
- Bem estar e apoio psicológico: o melasma é uma condição de saúde comum, mas que pode afetar a auto-estima e a aceitação da doença; por isso, o apoio por parte de familiares ou profissionais de saúde devem ser procurados.
Como escolher um cosmético adequado para melasma?
Na escolha de cosméticos para o melasma, o primeiro passo é consultar um especialista ou dermatologista para encontrarem a melhor solução para o melasma existente. Alguns fatores são importante nesta escolha:
1. Ingredientes Ativos
Alguns ingredientes clareadores são os eleitos no tratamento do melasma. Alguns destes ingredientes são
- despigmentantes: hidroquinona (um dos mais eficazes), ácido kójico e ácido azelaico.
- antioxidantes: vitamina C.
- esfoliantes: retinol.
- anti-inflamatórios: niacinamida. (Dica: Leia o artigo da farmacêutica Filipa Araújo “Niacinamida: Para que serve?“)
2. Filtros solares
Como visto anteriormente, a utilização de protetor solar é ‘obrigatória’, de preferência com um filtro solar elevado e de amplo espetro (protegendo de raios UVA, UVB e luz visível). Protetores que possuam filtros físicos/ de barreira, também podem ser interessantes (Ex: dióxido de titânio).
Artigo relacionado: Os melhores protetores solares
3. Tratamentos complementares
Existem cuidados complementares dermocosméticos, como as máscaras despigmentantes que podem ser usadas pontualmente para reforçar a eficácia dos cuidados habituais.
Adicionalmente, os tratamentos medicalizados (ex: peelings, laser, microagulhamento) devem ser sugeridos pelo profissional de saúde que monitoriza o melasma.
Quando consultar o médico?
No caso de necessidade de confirmação de diagnóstico ou numa fase avançada de tratamento, o acompanhamento médico é essencial. Devemos assim consultar o médico nas seguintes fases:
- Diagnóstico: quando existe o aparecimento de manchas escuras, mas não é fácil de as distinguir perante outras condições de saúde, devemos consultar o médico para um diagnóstico inicial.
- Sintomas/Mudança: sempre que surgirem outros sintomas (ex: comichão, descamação, dor, etc.) ou as manchas alterarem a cor, tamanho ou forma, o médico deve avaliar a situação;
- Tratamento dermatológico ineficaz: quando o tratamento já está a ser realizado e ainda não está a ser eficaz, este deve ser ajustado pelo especialista médico.
- Alterações de saúde: no caso de planear uma gravidez, os tratamentos devem ser ajustados para opções seguras durante esse período; no casos de complicações psicológicas, derivadas de falta de auto-estima e aceitação, um especialista de psicologia deve ser procurado; quando existe toma de medicamentos que possam piorar o quadro de melasma, também deve existir partilha com o médico.
Perguntas frequentes
Quais as diferenças entre melasma e hiperpigmentação?
As principais diferenças entre o melasma e a hiperpigmentação devem-se à sua origem, aparência e tratamento.
- Origem: o melasma está interrelacionado essencialmente com fatores hormonais e radiação solar; a hiperpigmentação pode ter diversos fatores (ex: lesões cutâneas);
- Aparência: a simetria e localização no rosto são especificidades do melasma; a hiperpigmentação é irregular e pode surgir em diferentes localizações do corpo.
- Tratamento: o melasma é mais resistente e com necessidade de tratamento de forma continuada; a hiperpigmentação pode ser tratada atuando na respetiva causa
Quem está mais suscetível ao melasma?
A suscetibilidade varia de acordo com os fatores de risco existentes. Em suma, os seguintes perfis estão mais suscetíveis a desenvolver manchas escuras na pele:
- pessoas do sexo feminino com idade entre os 20 e 40 anos
- fototipos de pele mais altos (III a V), ou seja, pele mais escura
- pessoas com predisposição genética (com casos de melasma na família)
- indíviduos com grande exposição solar
- pessoas sob tratamentos/disfunções hormonais e com utilização de produtos/medicamentos fotossensibilizantes
O melasma é contagioso?
Não, o melasma não é contagioso.
O melasma é hereditário?
Sim, o melasma tem uma componente hereditária. O desenvolvimento de manchas escuras na pele pode estar relacionada com o histórico familiar. É mais comum em indivíduos com pele mais escura, como pessoas do Médio Oriente e África
Como tratar melasma na gravidez ?
O melasma deve ser tratado com cuidados específicos e seguros, nomeadamente: protetor solar, ácido azelaico, vitamina C e niacinamida (ingredientes clareadores, antioxidantes e anti-inflamatórios).
Os restantes tratamentos como a hidroquinona, retinol e peelings químicos não devem ser utilizados porque podem representar risco de malformação, devido à sua possível passagem para a corrente sanguínea.
Quais são os tratamentos tópicos mais eficazes para o melasma?
De acordo com a American Academy of Dermatology Association, os tratamentos mais eficazes envolvem os seguintes ingredientes: hidroquinona, ácido azelaico, tretinoína/ácido retinoico, ácido kójico, niacinamida e ácido tranexâmico.
- Hidroquinona: clareador altamente eficaz que inibe a enzima essencial na produção de melanina (tirosinase);
- Ácido azelaico: reduz eficazmente a hiperpigmentação e possui propriedades anti-inflamatórias.
- Tretinoína/ ácido retinoico: potencia a renovação celular [8], melhorando a textura da pele.
- Ácido kójico: também atua na inibição da tirosinase, reduzindo a produção de melanina.
- Niacinamida: antioxidante com propriedades anti-inflamatórias;
- Ácido Tranexâmico: com propriedades antifibrinolíticas: ao inibir a via do plasminogénio/plasmina, potencia a inibição da síntese de melanina.
Como os tratamentos hormonais afetam o melasma?
Os tratamentos hormonais afetam e agravam o melasma pela ação das hormonas nestes aspetos porque estimulam os melanócitos, aumentam a sensibilidade à luz e ainda podem levar ao stress oxidativo.
- Estimulação melanócitos: as células responsáveis pela produção de melanina são estimuladas por hormonas como o estrogénio, progesterona, MS, etc.. Estas conduzem à proliferação de melanócitos e aumento da atividade da tirosinase. O aumento da melanina conduz a mais pigmentação, potenciando o aparecimento de manchas.
- Sensibilidade à luz (fotossensibilidade): as hormonas aumentam a sensibilidade da pele relativamente à luz UV; por isso, a combinação de luz solar com tratamentos hormonais pode mesmo exacerbar o melasma.
- Inflamação / stress oxidativo: as hormonas também possuem ação pró-inflamatória, bem como, fomentar o stress oxidativo celular. Estes aspetos desempenham um papel contributivo na produção de melanina.
O melasma pode desaparecer sozinho?
O melasma devido à sua caracterização de manchas escuras, raramente desaparece sozinho. Por essa razão, é que existem diversos tratamentos e técnicas estéticas para eliminar as manchas escuras na pele.
Em alguns casos, melhorando as causas, a pigmentação pode ser se esbater. Um dos exemplos é a gravidez que potencia o aparecimento de manchas, devido à carga hormonal. Quando esta diminui, as manchas tendem a desaparecer.
Conclusão
Embora as manchas escuras na pele sejam uma condição persistente, que requerem tratamento específico e continuado, é possível corrigir e atenuar o melasma!
São vários os tratamentos e o acompanhamento dermatológico torna-se uma necessidade imprescíndível para quem pretende erradicar o melasma. Caso sofra desta condição, procure ajuda de um especialista e a sua pele tornar-se-á ainda mais uniforme e resplandecente!
Fontes
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