Celulite: o que é, tipos, sintomas e como tratar

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A celulite é uma problemática que afeta uma esmagadora maioria da população feminina. Conhecida como “casca de laranja”, a celulite para determinadas pessoas representa uma questão estética, para outras pode envolver dor e ter bastante impacto a nível psicológico.

Apesar de ser extremamente comum e uma das principais batalhas do público feminino, ainda há algum desconhecime nto sobre a mesma. Para ajudar a esclarecer todas as dúvidas preparei estes artigo, onde vou explicar o que é a celulite: como e onde se manifesta, os tipos, causas, fatores de risto, etc.

Além disso, dismistifico ainda os segredos para uma pele lisa e regular, e respondo ainda a dúvidas frequentes, como por exemplo “posso eliminar a celulite de vez?”. Continue a ler e encontre tudo o que procura sobre a celulite.

O que é a celulite?

A celulite, também conhecida como casca de laranja, e com nome científico de fibro-edema gelóide [FEG], é um distúrbio da pele provocado por diversos fatores.

Estas fatores conduzem a uma reação no tecido fibroso da pele, originando as depressões, conhecidas “aspeto de casca de laranja”.

Onde e como se manifesta a celulite?

Desta forma, a celulite manifesta-se pela presença de nódulos em várias zonas do corpo, mais persistentemente na zona das coxas, nádegas, braços, etc. Podendo surgir em qualquer zona que possua tecido adiposo. 

Esta alteração cutânea afeta entre 80 a 90% de mulheres, principalmente pós-puberdade, dado que existem interferências hormonais [1]. No entanto, a celulite também afeta os homens.

A celulite pode ser mais difícil de tratar quando a gravidade das lesões aumenta. Por vezes, a dieta mais regrada e exercícios mais intensos podem não ser suficientes. Em alguns casos, os tratamentos dermocosméticos e estéticos podem ser a solução para minimizar a celulite, como iremos ver mais à frente.

Tipos de celulite

A celulite pode ser classificada de acordo com duas “metodologias” distintas, a primeira é com os graus e a segunda com forma que adquire [2].

Tipos de celulite de acordo com o grau

Relativamente à classificação por graus, a mais comum, combina as alterações que acontecem a nível estético (aspeto) com a sensibilidade à dor, origando quatro graus:

1. Celulite leve ou grau I: não é visível, a pele apresenta-se lisa. Apenas surge o aspeto de casca de laranja quando existe contração do músculo e/ou pressão na área. Não existe dor associada.
2. Celulite moderada ou grau II: as depressões são visíveis, não sendo necessária nenhuma contração adicional. O quadro de celulite fica mais percetível quando existe pressão e/ou contração. Verifica-se temperatura mais baixa e edema (inchaço). 
3. Celulite grave ou grau III: a pele apresenta-se com aspecto de casca de laranja, observado mediante a simples inspeção e em qualquer posição do corpo (sentada ou em decúbito). Existe a presença de nódulos palpáveis e dolorosos.
4. Celulite severa ou grau IV: semelhante ao grau III, com presença de nódulos palpáveis e visíveis e com dor associada. No entanto, as ondulações na pele são mais frequentes e esta apresenta flacidez. Existe dor aumentada e presença de fibrose no tecido.

Tipos de celulite de acordo com a forma

Quanto à forma, a classificação baseia-se na análise direta por visualização e toque das lesões cutâneas, subdividindo-se também em 4 tipos: duro, flácido, edematoso ou misto. 

1. FEG duro: espessamento intenso da pele, apresentando diversas depressões profundas; consistência dura ao toque; podem ser observados vasos sanguíneos visíveis e manchas roxas. 
2. FEG flácido: com várias depressões mas estas são pouco profundas; a dor é rara; os tecidos deformam-se apenas de acordo com a posição adotada. É comum a sensação de peso nas pernas; 
3. FEG edematoso: as depressões são pouco profundas e alargadas; maior retenção de líquidos nos membros inferiores. Sensação de dor mais presente; perceção das depressões ao tato. 
4. FEG misto: combina edema mais duro na região lateral da coxa e edema flácido na zona abdominal. 

Quais são os sintomas de celulite?

Sendo uma condição cutânea, os sinais e sintomas da celulite surgem nas zonas mais afetadas da pele, sendo estes:

• alteração da superfície da pele (saliências e depressões);
• perda de elasticidade da pele/ flacidez;
• aumento da espessura da pele;
• dor associada ao toque;
• alterações circulatórias;
• diminuição da mobilidade;
• cansaço e peso nas pernas;
• retenção de líquidos aumentada;
• menor temperatura nas zonas afetadas.

São afetadas todas as camadas da pele. Estas alterações não ocorrem só ao nível do tecido, mas também existem alterações bioquímicas associadas(processo inflamatório; stress oxidativo; alterações hormonais, etc.)[3] 

Quais são as causas de celulite? 

As causas das celulite estão maioritariamente relacionadas com fatores cutâneos e bioquímicos, que são a alteração da microcirculação e a anatomia da pele.

1. alterações na microcirculação: o aumento do tecido adiposo resulta na constrição dos vasos, reduzindo o fluxo sanguíneo e linfático. Existe também maior permeabilidade dos vasos e, consequentemente, maior tendência à retenção de líquidos e falta de oxigenação das células. Este ambiente conduz à formação de nódulos que estão na base da celulite.
2. anatomia do tecido cutâneo: a forma ondulada do tecido deve-se à separação específica do tecido adiposo (mais comum em mulheres). Os septos são mais finos e orientados paralelamente o que facilita a formação dos nódulos. 

Para além destes fatores primordiais, a influência hormonal também representa um forte condicionante na celulite. Aliados aos fatores de risco que falaremos de seguida, a celulite tem o ambiente ideal para se desenvolver. 

Quais são os fatores de risco celulite?

1. Genética: a genética determina a estrutura do tecido adiposo; desta forma, existe maior ou menor propensão para o desenvolvimento de celulite entre gerações; 
2. Idade: não existe uma idade específica associada ao desenvolvimento de celulite, no entanto, o seu surgimento está associado ao início e pós-puberdade. A celulite também possui períodos agravantes quando ocorrem flutuações hormonais (gravidez, ciclo menstruais, terapias anticoncepcionais,…). 
3. Raça: a prevalência é elevada em mulheres de todas as raças, mas há estudos que comprovam um maior desenvolvimento nas caucasianas face às restantes raças [4];
4. Sexo: a celulite é mais prevalente no sexo feminino. No caso dos homens apenas supera em casos de deficiência androgénica (ex: terapia com estrógeno para o cancro da próstata);
5. Tabagismo: o fumo do tabaco leva a uma produção superior de radicais livres que atuam nos vasos sanguíneos, levando à contração dos mesmos. A contração provoca deficiências microcirculatórias que fazem progredir a celulite; 
6. Sedentarismo: a falta de atividade piora a celulite dado que enfraquece a camada muscular, resultando em menor oxigenação do tecido adiposo; 
7. Alimentação: a má alimentação (rica em gordura, alto teor de sal e conservantes) está associada a vários distúrbios metabólicos, provocando uma produção excessiva de insulina que conduz a uma distribuição anormal de gordura no corpo [5]. 

Diagnóstico

Os sinais e sintomas de celulite são facilmente observáveis apenas por visualização. Em alguns casos pode ser realizado exame físico, com palpação e pressão do tecido adiposo (comprovando a existência dos nódulos).

Pode ser observada também a presença de vasos e/ou varizes, que comprovam o comprometimento do sistema circulatório e venoso. Para além deste diagnóstico simples, podem ser utilizadas outras ferramentas como a bioimpedaciometria e xerografia.

Tratamentos para celulite

Os tratamentos que permitem eliminar a celulite combinam terapêuticas mais convencionais (ex: aplicação tópica de cremes, massagens, etc.) ou métodos um pouco mais invasivos (ex: laser, injeções,…).

O objetivo é melhorar a aparência da casca de laranja e travar o desenvolvimento da condição através de:

• Massagens: estimulam a microcirculação e drenam o excesso de líquidos;
• Massagens tópicas com uso de substâncias ativas: ajuda a estimular o fluxo sanguíneo e promove a redução da gordura; 
• Mesoterapia: consiste na administração de injeções intradérmicas com substância que vão ativar a queima de gordura;
• Radiofrequência/ Luz Intensa Pulsada/ Laser: promove o aquecimento da pele e, por sua vez, estimula a microcirculação e queima de gordura;
• Endermologia/ Vacuoterapia: método que aplica sucção na pele, existindo mobilização da hipoderme (camada mais profunda);
• Subcisão: procedimento cirúrgico invasivo que promove a quebra das aderências entre a pele e o tecido conjuntivo, garantindo um maior alisamento da pele; 
• Carboxiterapia: consiste na infiltração subcutânea de dióxido de carbono na gordura, promovendo a elasticidade da pele;
• Suplementos para celulite: toma de substâncias que promovem a melhoria de circulação (ex: centelha biloba, centelha asiática, etc.)  

Como prevenir celulite?

Embora existam alguns fatores impossíveis de contornar e sendo a probabilidade do aparecimento de celulite ser elevada, os hábitos de saúde e a prevenção são essenciais! Eis alguns dos fatores a ter em conta: 

Alimentação

Minimizar o consumo de açúcares, gorduras e alimentos processados dado que conduzem a maior acumulação de gordura.

Recomenda-se ingestão de fibras e alimentos antioxidantes minimizam a inflamação. A hidratação é crucial na eliminação de toxinas e minimiza a retenção de líquidos. Portanto, beber água é essencial.

Exercício Físico

Atividades cardiovasculares ajudam na redução de gordura e melhoria da circulação sanguínea. Por sua vez, musculação fortalece o tónus muscular e ajuda no alisamento cutâneo, para além de também contribuir para a redução de gordura.

Qualidade de vida

Deve ser evitado o consumo de álcool e tabaco dado que pioram a retenção de líquidos. Além disso, danificam o colagénio e elastina, responsáveis por manter a pele firme.

Cuidados dermocosméticos e estéticos

A aplicação de cremes hidratantes corporais ajuda a hidratar e minimizar os nódulos. Os tratamentos estéticos, pela sua natureza mais profunda, complementam o tratamento. 

Como escolher um cosmético adequado para celulite?

Ao escolher um produto cosmético indicado para celulite é importante levar em consideração alguns fatores-chave para garantir que a eficácia do produto. Aqui estão os principais pontos a considerar: ação desejada, ingredientes ativos e o tipo de pele:

• ação: escolha o produto cosmético que satisfaz melhor as suas necessidades, por exemplo, um esfoliante, um hidratantes, um reafirmante de pele, etc.
• ingredientes ativos: há um conjunto de ingredientes ativos que possuem resultados comprovados no combate à celulite, como por exemplo, a catequina, cafeína, curcumina, ácido clorogénico, bromelaína, papaína, entre outros.
• tipo de pele: escolha um produto adequado ao seu tipo de pele, uma vez que os diferentes tipos de pele beneficiam mais de alguns determinados produtos. Por exemplo, os cosméticos oil-free são ideais para peles mais oleosas.

Quando consultar o médico?

A celulite, sendo uma condição mais estética e de fácil diagnóstico, não necessita de uma consulta precoce, a não ser que existam complicações envolvidas.

Desta forma, a consulta ao médico especialista pode ser realizada para controlo de sintomas mais graves e para que este lhe possa aconselhar os tratamentos especializados mais específicos para si.

Numa fase inicial, pode também consultá-lo para avaliação do seu grau de celulite e para aconselhamento dos tratamentos dermocosméticos diários. 

Perguntas frequentes

Quais são os diferentes graus de celulite?

A celulite tem quatro graus, sendo o grau 1 o mais leve e o grau 4 – o mais severo.

A celulite está relacionada ao excesso de peso?

A celulite não está diretamente ligada ao excesso de peso, pois pessoas magras também a podem ter No entanto, o excesso de gordura pode agravar a aparência da celulite, já que a acumulação de gordura sob a pele pode pressionar os tecidos conjuntivos, resultando no aspecto de “casca de laranja”.

É possível eliminar completamente a celulite?

Não, uma vez que a mesma está ligada a fatores estruturais da pele, genética e fatores hormonais. No entanto, é possível melhorar a aparência da celulite com um conjunto de cuidados e tratamentos para a celulite.

Qual é a diferença entre celulite e gordura localizada?

A celulite é a condição em que a pele adquire uma aparência irregular e ondulada. Já a gordura localizada refere-se à acumulação de gordura em áreas específicas do corpo, sem necessariamente causar as ondulações características da celulite. A gordura localizada pode aparecer em várias partes do corpo e nem sempre tem o aspecto de “casca de laranja”.

A prática de exercício físico pode ajudar a reduzir a celulite?

Sim, uma vez que a prática dos mesmos ajudam a reduzir a gordura corporal, melhorar a circulação sanguínea e tonificar a pele.

As massagens ou drenagem linfáticas realmente ajudam na celulite?

Sim, tratamentos como massagem e drenagem linfática podem ajudar a reduzir temporariamente a aparência da celulite porque permitem reduzir o inchaço e a retenção de líquidos, e promovem a eliminação de toxinas. No entanto, os efeitos são geralmente temporários.

Conclusão

A celulite é uma condição estética, mas que pode afetar de uma forma bem negativa, tanto a pele como a parte psicológica… todos nós queremos nos sentir incríveis no nosso próprio corpo!

Os nódulos dolorosos e visíveis, bem como, a sensação de retenção de líquidos e pernas pesadas fazem parte do cenário ideal.

Desta forma, a prevenção, os cuidados diários e os tratamentos para a celulite são a chave do sucesso para um melhor bem estar. Esta ficará mais firme, lisa e sem dor associada!

Fontes

1. Bagatin E, Miot HA, Soares JL, et al. Long-wave infrared radiation reflected by compression stockings in the treatment of cellulite: a clinical double-blind, randomized and controlled study. Int J Cosmet Sci. 2013;35(5):502-509. doi:10.1111/ics.12073
2. Guerreiro, Maria Margarida. Celulite (Processos, produtos e mercado). Instituto Superior de Ciências da Saúde de Egas Moniz. novembro de 2016. 
3. Rosenbaum M, Prieto V, Hellmer J, et al. An exploratory investigation of the morphology and biochemistry of cellulite. Plast Reconstr Surg. 1998;101(7):1934-1939. doi:10.1097/00006534-199806000-00025
4. Souza Felix Bravo, B., Almeida Issa, M. C., de Souza Muniz, R. L., & Martinez Torrado, C. (2013). Tratamento da lipodistrofia ginoide com radiofrequência unipolar: avaliação clínica, laboratorial e ultrassonográfica. Surgical & Cosmetic Dermatology, 5(2),138-144.[Consultado a 7 de Setembro de 2024]. ISSN: 1984-5510. Acedido em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=265527948006
5. Tokarska K, Tokarski S, Woźniacka A, Sysa-Jędrzejowska A, Bogaczewicz J. Cellulite: a cosmetic or systemic issue? Contemporary views on the etiopathogenesis of cellulite. Postepy Dermatol Alergol. 2018;35(5):442-446. doi:10.5114/ada.2018.77235