Indíce
Sabemos que a radiação solar tem um impacto muito benéfico na nossa saúde, mas por vezes, uma exposição mais direta e agressiva também pode acarretar alguns riscos. Podem surgir apenas pequenas alergias na pele, ou, em casos mais graves, desenvolverem-se quadros de cancro cutâneo.
As alergias solares, ou fotoalergias, podem ser incapacitantes dado que sensibilizam em demasia a pele e dificultam uma exposição direta ao sol. No entanto, existem cuidados que pode adotar para que o sol deixe de ser um inimigo!
Mantenha-se connosco neste artigo para que possa conhecer o que é a alergia ao sol, como a prevenir e os cuidados a ter.
O que é a alergia ao sol?
A alergia ao sol ou fotoalergia resulta de uma resposta cutânea fora do normal, quando a pele é exposta à radiação solar. Estas usualmente envolvem a ativação do sistema imunitário, conduzindo a uma resposta inflamatória mais grave
O quadro de alergia varia de acordo com o local exposto, das radiações e grau de profundidade e penetração na pele, percentagem de pigmentação (melanina) e estado e resposta do sistema imunitário.
Tipos de alergia ao sol
As alergias solares podem ser subdivididas em imediatas e retardadas.
- imediatas/ urticária solar: usualmente ocorre nos primeiros 5 a 10 minutos após a exposição solar. Pode persistir entre alguns minutos a várias horas; pode ser acompanhada por outros sintomas (ex: dores de cabeça, náuseas, contração das vias respiratórias, etc.)
- retardadas/ erupção polimórfica à luz solar (EPL): nestas a resposta é mais lenta, podendo ocorrer entre 1 a 7 dias; podem surgir pápulas (borbulhas) e placas extensas de eritema (manchas com vermelhidão e prurido).
Sintomas de alergia ao sol
Os sintomas de alergia ao sol são vermelhidão, com sensação de ardor e comichão. As manchas podem alastrar e intensificar, conduzindo ao aparecimento de borbulhas (pápulas) e o eritema tornar-se mais intenso e com líquido.
Usualmente as fotoalergias manifestam-se nos locais mais expostos à radiação solar, tais como o rosto, braços, peito, etc.
Quais são as causas de alergia ao sol?
- Fatores genéticos ou predisposição: sensibilidade à luz solar causada por genética ou condições pré-existentes.
- Reações fotoalérgicas: substâncias como medicamentos, perfumes ou cosméticos reagem com raios UV, provocando alergias.
- Doenças de pele relacionadas ao sol: condições como erupção polimorfa à luz e urticária solar desencadeiam reações na pele.
- Deficiência de nutrientes: baixos níveis de antioxidantes, como vitaminas C e E, diminuem a proteção da pele.
- Distúrbios metabólicos: doenças como a porfiria aumentam a sensibilidade da pele aos raios solares.
- Exposição excessiva ao sol: exposição prolongada pode causar queimaduras severas ou reações alérgicas.
- Sistema imunológico desregulado: doenças autoimunes, como lúpus, podem agravar a hipersensibilidade à luz solar.
Fatores de risco
No caso da urticária solar, esta representa cerca de 2% das reações fotoalérgicas. É uma condição mais frequente no sexo feminino, entre os 10 e os 70 anos (média de 35 anos).
No caso da erupção polimórfica à luz (EPL) tem uma prevalência superior (entre 10 a 20%), sendo também mais comum no sexo feminino, até à idade da menopausa. Cerca de 15% já possuem história familiar de alergia ao sol.
Diagnóstico
Por norma, para diagnosticar a alergia solar recorrem-se a 3 métodos: história clínicas, exames laboratoriais e exames à pele.
- História clínica: identificar antecedentes familiares, distribuição das lesões, idade de início e evolução da alergia.
- Exames laboratoriais: análises de urina e fezes para detectar indicadores elevados, como porfirina plasmática.
- Exames histológicos/pele: exposição gradual da pele à radiação para observar reações e avaliar lesões.
Tratamentos para alergia solar
Quando as alergias solar já estão presentes, o tratamentos indicados passam pela aplicação de tratamentos tópicos (cremes, pomadas, etc) ou tratamentos orais.
Tratamentos tópicos
- anti-histamínicos (ex: cloridrato de difenidramina)
- corticosteroides (ex: hidrocortisona)
Tratamentos orais / sistémicos
- anti-histamínicos (ex: cetirizina, bilastina, desloratadina, etc.)
- corticosteroides (ex: hidrocortisona)
Assim que a alergia solar se encontra controlada, é muito importante a aplicação de cremes emolientes/ hidratantes, que garantam o restabelecimento da pele e barreira cutânea.
Quando a alergia solar ainda não se encontra instalada, a prevenção é essencial, principalmente de quem tem predisposição para que estas se desenvolvam.
Como prevenir alergia ao sol?
Para evitar a alergia solar devem-se evitar as radiações UV. Para isso, recomendo:
- Evitar a exposição solar: principalmente entre as 10 e as 15 horas (quando os raios UV se encontram mais incidentes). Nas viaturas podem ser usadas películas protetoras de raios UV (dado que a radiação UVA atravessa o vidro).
- Usar roupa protetora: as roupas a utilizar devem ser roupas escuras, de malha fechada e que cubram a maior parte da superfície da pele. Existem roupas que possuem fator de proteção de têxteis sendo que estes devem possuir um índice de proteção (UPF 40+) combinado com o uso de chapéu.
- Uso de protetor solar: deve ser usado um protetor solar físico (que cria barreira física na pele). Idealmente, escolhe um protetor solar FPS 30 ou FPS 50.
Quando as alergias são causadas por agentes fotossensibilizantes, a forma de evitá-las é evitadando a utilização do próprio composto, mas, para isso, é necessário uma correta identificação de qual o ingrediente que está a causar a alergia.
Existem suplementos alimentares com antioxidantes que ajudam a reforçar a pele e a torná-la preparada para a exposição solar. Por norma, recomendo alguns comprimidos para a alergia ao sol:
Como escolher um cosmético/produtos adequado para alergia ao sol?
Tal como já reforçado, a escolha do protetor solar deve ter em consideração o fator de proteção solar, o tipo de filtros utilizados e ainda os ingredientes nele utilizados.
Fator de proteção
O fator de proteção deve ser elevado e de amplo espetro (que proteja a maioria das radiações- UV, visível, IV,…). O fator de proteção, conhecido como FPS, dá a indicação apenas sobre a proteção UVB.
No entanto, como é a forma mais transversal de indicação dos protetores solares, o facto de escolhermos um fator alto, já ajuda na proteção de queimaduras.
A restante informação de proteção sobre as radiações, pode ser encontrada na descrição do produto.
Tipo de filtros utilizado
Os protetores com filtros físicos são recomendados dado que oferecem ingredientes que não causam sensibilidade na pele. Para além disso, formam uma barreira física na pele que reforça a barreira cutânea e permite que a radiação seja refletida.
É importante referir que é na combinação de filtros físicos com químicos que garantimos que a proteção alargada de raios UV é garantida.
Fórmula e ingredientes
A avobenzona e o ecamsule são bons ingredientes contra a radiação solar UVA. Também o dióxido de titânio e o óxido de zinco são eficazes na proteção UVB.
Deixamos alguns exemplos de bons protetores para pele com tendência a alergia solar:
Quando consultar o médico?
Quando é detetada a primeira ‘possível’ alergia solar, o médico dermatologista deve ser consultado para um correto diagnóstico e tratamento.
Desta forma, o médico pode avaliar qual a propensão da pele para este tipo de alergia, quais os tratamentos mais específicos e, mais importante, quais os cuidados preventivos para que possa evitar uma nova alergia.
Perguntas frequentes
Quanto tempo demora a passar a alergia ao sol?
A alergia solar pode manifestar-se em poucos momentos após a exposição solar (10 a 15 minutos), podendo em casos mais graves durar até cerca de 7 dias. Os tratamentos ajudam a diminuir este tempo.
Que cremes são recomendados para a alergia ao sol?
No momento em que a alergia ainda está presente na pele são recomendados cremes/ tratamentos tópicos que contenham ingredientes apaziguantes e idealmente anti-histamínicos. Em casos de não resolução do problema, podem ser recomendados cremes com corticosteroides.
Após a alergia diminuir, devem ser aplicados cremes hidratantes de rosto ou emolientes corporais que ajudem a pele a recuperar e restabelecer a barreira cutânea.
Qual o melhor anti-histamínico para alergia ao sol?
O anti-histamínico mais recomendado e eficaz na alergia ao sol é a cetirizina (nome comercial- Zyrtec ®), dado que tem uma ação rápida e eficaz no alívio dos sintomas. No entanto, deve sempre consultar o médico para que este faça o correto diagnóstico e, caso necessário, lhe aconselhe o anti-histamínico mais adequado para si.
Como aliviar a comichão da alergia ao sol?
Usualmente os medicamentos recomendados para a comichão são os anti-histamínicos. Caso estes não sejam suficientes, a segunda linha são os corticosteroides.
Existem produtos, tais como creme com ação calmante (ex: cremes com aloe vera) que também ajudam a acalmar a pele e diminuir a sua reatividade. A água termal também é um excelente produto para diminuir a comichão e a vermelhidão.
Conclusão
Devido à exposição solar mais intensa, com menor filtragem pela camada do ozono, os problemas e alergias cutâneas têm vindo a ser crescentes. No entanto, a pesquisa e análise médica garantem que estas condições são tratáveis de forma simples e, acima de tudo, têm como ser prevenidas!
Procurem sempre por profissional de saúde que possa efetuar o melhor diagnóstico e recomendar os melhores produtos para que a sua alergia ao sol deixe de ser uma questão que o preocupa.
O sol tem de refletir benefícios para a saúde e nunca ser o responsável por fragilizar a sua saúde e a da sua pele!
Fontes
- Salgado, Marta; Reis, Rute; Sousa, António Vinhas; Tomaz, Elza; Dydenko, Irina; Ferrão, Andreia; Ferreira, Fátima; Inácio, Filipe. Fotoalergia. Rev Port Imunoalergologia 2010; 18 (6): 493-538.
- Reações de fotossensibilidade. Manual MSD. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/radia%C3%A7%C3%A3o-solar-e-danos-%C3%A0-pele/rea%C3%A7%C3%B5es-de-fotossensibilidade , acesso em 21-12-2024.